Estas duas fotos são da década de 70, se não me engano. Foram tiradas com uma máquina marca Werra, que adquiri do João Falabella. Para quem não se lembra, ele estava sempre presente tomando sua cervejinha, aos domingos, no bar do Agostinho, no Prado.

Tentarei fazer pequenos comentários acerca de alguns peladeiros mostrados nestas fotos históricas:

Comendador Onésimo Vianna de Souza, exemplo de homem público e pai amigo para quem a família pairava acima de tudo. Diferentemente da maioria dos políticos de hoje, não se aproveitou dos cargos exercidos para se enriquecer. Constitui, para todos nós, um exemplo de ética e honestidade neste vasto mar de lama que hoje cobre o infeliz Brasil. Também o mais fanático pelas peladas, durante as quais marcou gols que poderiam seguramente ser inseridos em qualquer estatística do futebol. Afirma, com certeza, que jogou no Sete de Setembro Futebol Clube na década de 30. Com ele, nos idos de 1947, comecei a gostar do Clube Atlético Mineiro, quando presenciei uma partida entre Atlético e Metalusina, no saudoso Estádio Antônio Carlos, vencida pelo CAM por 4 x 0, com dois gols de Carlyle.

Elisinho, o que está com uma juba enorme na foto. Expoente da Química. Desenvolveu um trabalho excepcional contemplando a tabela periódica dos elementos que, seguramente, foi extremamente útil para os estudantes de todo o Brasil. Hoje é fazendeiro em Minas Gerais. Um peladeiro que valorizava a técnica sobre a força bruta. Marcou época em nossas peladas.

Marcos Morais: Tive o prazer de ser colega seu na recém criada MBR. Ele era originário da Icominas S.A. e eu da Companhia de Mineração Novalimense. Podemos, portanto, ser considerados pioneiros da exploração de minério de ferro em Minas Gerais. Profissional do mais alto gabarito, ético, esforçado e que muito de si deu para a MBR e a outras empresas nas quais trabalhou após desligar-se da MBR. Fizemos, juntos, em 1974 uma visita ao Terminal de Sepetiba, Rio de Janeiro. Em termos de futebol, um zagueiro duro mais leal. Interessante é que apesar da posição, marcava muitos gols.

Francisco Morais: Irmão do Marcos Morais. Esqueci-me de dizer que a família Morais foi nossa vizinha por longos anos forjando uma amizade que perdurou por muito tempo, mesmo após a morte do sr. Morais e de dona Nice. Após certo tempo jogando conosco, transferiu-se para o Estado Espírito Santo, a trabalho.  Sempre que podia vinha a BHZ e participava das peladas. Também era zagueiro, mas quando jogava contra o seu irmão Marcos inevitavelmente ocorriam discussões e trombadas.

Elias Braga: Irmão do Elisinho. Teve participação ativa no movimento estudantil. Foi pioneiro do Projeto Rondon. Formou-se em Odontologia. Manteve um consultório bastante freqüentado no Carlos Prates, prestando serviços também na Imprensa Oficial.
Jogador de pelada com estilo próprio, isto é, priorizava a classe ao criar as jogadas, mas se necessário baixava o cacete.


Nenzinho: Considero um personagem antológico nesta longa história das peladas de domingo. Não tinha a habilidade de alguns,  mas era bafejado por uma sorte incrível, fazendo gols difíceis e nas horas mais inadequadas. Comerciava com balas, mas nunca distribuiu uma sequer para nós. O Nenzinho é um dos pioneiros das peladas de domingo. Dirigia sempre uma Kombi.

Carlos: Juntou-se à turma da pelada um pouco mais tarde, acredito que em fins de 1975. Ele mesmo não se reconhecia um craque, mas marcava muitos gols porque preferia ficar na banheira. E em futebol de salão não tem banheira, portanto, deitou e rolou. Casou-se com a Tânia, uma pessoa muito querida no Carlos Prates tanto pelo seu extenso background musical, como também em outros campos do saber aliando tudo isto à sua extrema simpatia pessoal.

Eduardo: Casou-se com minha irmã Maria do Carmo. Passou a jogar conosco acho que a partir de 1973 ou 1974. Poderia ficar aqui escrevendo folhas e folhas de papel sobre ele, mas fica para outra ocasião. Um zagueiro perfeito, duro, mas sem fazer uso de violência. Era muito difícil passar por ele, todos comentavam. Quando levava uma botinada não falava nada ou reclamava como a maioria fazia. Na primeira bola, descontava o que fora feito com ele, sem alarde. Hoje está aposentado, tanto no trabalho como na pelada. Entretanto, em seu lugar estão dois craques - o Fabiano e o Alexandre.

Wagner Castilho: Pioneiro na acepção da palavra nas peladas de domingo. Goleiro excepcional, com uma colocação invejável que o credenciava a praticar defesas quase impossíveis. Posteriormente, passou a jogar na linha, onde também demonstrou suas qualidades de goleador. É e sempre foi o maior fominha nas peladas; não gostava de perder nunca. Também foi colega meu na MBR e hoje é empresário no setor de Informática. Seu herdeiro na pelada é o Rafael, o criador do excelente site da família Castilho.

Celso Castilho: Outro pioneiro das peladas de domingo e, às vezes, sábado. Foi um virtuose do drible. Às vezes, perdia a bola e comprometia toda a defesa. Por outro lado, não gostava de ser driblado. Várias brigas tiveram origem neste fato. Aí todos brigavam. O caso mais famoso foi o da Colônia de Férias do Sesc, em Venda Nova, quando a pancadaria foi geral. Trabalhou muitos anos na CVRD. Aposentou-se e exerceu o cargo de Secretário de Meio Ambiente no Governo Itamar Franco. Hoje é presidente de consórcio para construção de hidrelétrica. Seu sucessor na pelada é o Ricardo, cujo estilo de jogo é um pouco diferente do pai.

Bruno: Pouca coisa teria a dizer sobre ele, porque não freqüentou rotineiramente as nossas peladas. Teve que parar por motivos de saúde. Seu pai foi um jornalista famoso, perseguido pela Redentora de 1964. Formou-se em Odondologia. Jogava mais da defesa, sem baixar o cacete e não era de reclamar de nada.

Zezito: Também pode ser considerado um dos pioneiros da pelada. Atuava mais na defesa, mas também lançava-se ao ataque. Tinha uma característica marcante: gostava de se auto-elogiar quando fazia uma jogada que resultava em gol. Era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Gostava de reclamar do tempo marcado para cada partida. Aliás, não foi somente eles, mas todos.

Roberto Piauí: Começou a freqüentar as nossas peladas em meados da década de 70, levado pelo Elias. Formou-se em Odontologia. Exerceu sua profissão em consultório próprio e na Imprensa Oficial. O termo Piauí deve-se ao fato de ter nascido naquele estado nordestino. Apesar de ter um físico diminuto, com canelas finas, era extremamente difícil passar por ele. Costumava baixar o pau, principalmente, quando aparecia um novato. Morreu tragicamente há alguns anos. Extremamente devotado ao comendador e a dona Chiquita.


Celso e Edson: Começaram a participar das peladas também um pouco mais tarde, levados se não me engano pelo Nenzinho ou o Zezito. O Edson era bom de bola, mas o Celso nem tanto. Mas esforçavam-se muito e foram personagens de briga homérica ocorrida nas dependências do Sesc.

Posteriormente, vou escrever sobre aqueles que não se encontram na foto


Antonio Castilho de Souza
Julho de 2006

 
Os craques são:
Comendador Onésimo Vianna de Souza, Elisinho, Marcos Morais, Francisco Morais, Elias Braga, Nenzinho, Carlos, Eduardo, Wagner Castilho, Celso Castilho, Bruno, Zezito, Roberto, Piauí, Celso, Edson e Antônio Castilho( fez os comentários a seguir e enviou as fotos).

Conheça a história de cada craque contada por Antonio Castilho clicando aqui em SAIBA MAIS

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