Roberto Oliva


Figura realmente marcante quando nos vêm à lembrança as peladas capitaneadas pelo comendador Onésimo Vianna de Souza ao longo dos anos, se não me engano, a partir do século passado, mais exatamente na década de 60.

O Roberto, posteriormente, apelidado Ringo, pode ser considerado com justiça um dos pioneiros das peladas de domingo.

Existe certa semelhança com o grande componente dos Beatles, o Ringo Star, rapazes britânicos que, como um vulcão em erupção, marcaram sua presença na geração de 60 com músicas de excelente conteúdo lírico, aliado a uma inimitável e inigualável musicalidade. Fazem sucesso até hoje, diferentemente da produção musical (?) contemporânea.

Muitos foram os que tentaram imitar este conjunto de rock. Entretanto, ninguém jamais conseguiu alcançar o sucesso mundial dos meninos de Liverpool.

Voltemos ao Ringo que é carlospratense autêntico, tendo morado na rua Anfibólios.

Algumas particularidades deste peladeiro guardam perfeita identificação com a família Castilho de Souza. Vejamos quais são:

Uma delas foi que se casou com a Maria Sílvia no mesmo dia em que contraíram matrimônio o Celso e a Wildes, estes últimos na Igreja da Pampulha, obra modernista de Niemeyer que foi injustamente relegada a um segundo plano e amaldiçoada na década de 40, graças à intolerância religiosa que, infelizmente, já vem de muitos anos, desde a Inquisição Espanhola, criada em 1.231 pelo papa Gregório IX e comandada pelo famoso padre dominicano Tomás de Torquemada. Felizmente os tempos são outros e a igreja da Pampulha nos dias de hoje constitui importante atração turística de Belo Horizonte.

Outra característica sua é a extrema consideração e amizade que ele, a Maria Sílvia, filhos e cunhados (Kabé e esposa) devotam ao comendador e à comendadora que, acredito, seja totalmente reconhecida e compartilhada por eles.

Em termos futebolísticos e "peladícios", alguns pontos merecem e podem ser comentados. O Ringo, pelo menos durante o tempo em que joguei, jamais perdeu a esportiva com qualquer um, praticando o esporte com cavalheirismo e sem reclamações ofensivas. Na realidade um "gentleman".  Não era de marcar muitos gols, porque atuava mais na defesa. Era um marcador implacável sem, entretanto, dar botinadas como alguns outros.

Possuía, também, um chute muito certeiro e potente. Os goleiros, dentre os quais eu, sofríamos horrores para tentar evitar que a pelota "adentrasse o pequeno retângulo emoldurado com tela de arame", principalmente quando estreou um tênis escuro com travas (uma novidade na ocasião). Não sei como conseguia se equilibrar. O comendador, com inveja, também usou um.

É um profissional que honra a Odontologia.  A propósito, é impressionante a quantidade de dentistas que participaram das peladas...

Já ouvi várias referências positivas e elogiosas a respeito de sua competência.

Ao compulsar minhas memórias e alfarrábios vários, verifiquei que o Ringo constitui um dos poucos remanescentes dos peladeiros originais que ainda participam das peladas de domingo.

"En passant" uma palavrinha a respeito de seu inseparável cunhado Kabé, cujo relacionamento com a família Castilho tem sido, da mesma forma, bastante íntimo e respeitoso, apesar dos tapas recebidos do comendador. Trata-se de um peladeiro que valoriza a "finesse" no trato com a pelota em detrimento do jogo violento. Gosta de reclamar um pouco, mas nada que incomode.

Uma passagem interessante: quando esteve no Iraque prestou consultoria ao ditador Saddam Hussein em assuntos futebolísticos, data vênia, com competência, e acredito que tenha recebido amplo reconhecimento daquele ditador hoje cumprindo pena por crimes cometidos contra o povo iraquiano.  

Comentários finais: tive o prazer de participar de dois churrascos no sítio (não sei se do Ringo ou do Kabé) em Santa Luzia e estou sobremaneira satisfeito de conhecer os dotes literários do Ringo, rivalizando com Carlos Drumond de Andrade e alguns escritores, tais como, Antonio Feliciano de Castilho (não confundir comigo), Fernando Sabino, Érico Veríssimo e uma centena de expoentes da literatura portuguesa.


Antonio Castilho de Souza
Julho de 2006

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