Churrasquinho de gato

       Houve  época em que todos meninos e meninas, filhos e filhas do craques, no que começavam a andar já  iam  à Pelada. Quem estava de fora tomava conta dos pequenos deliquentes.
       Os pioneiros foram Marquinhos (Antonio),  Ricardo e Juliana (Celso),  Roberta e Guilherme (Ringo), Alexandre, Fabiano e Claudinha (os meninos de Maria ), Roberto e Rodolfo(Piauí), o Fabrício do Elias, os filhos do Antonio Augusto, Katia e Vivian, filhas do Ari, os filhos do Jairo, os filhos do Leitão, Junior e Bruno.
       Os homens quando cresciam um pouquinho e já aquentavam alguma porrada,  podiam jogar.  As meninas paravam de ir.
Depois veio uma segunda leva de novos  pivetinhos,  Dudu e André de Cabé, Felipe de Verinha , Rafael de Wagner, Felipe de  Ringo, o Breno de Marcio, o filho do  Zequinha, Celsinho, as novas crias do Antonio Augusto.
       Onézimo às vezes era chamado pelos Diretores das Escolas, com reclamações das peripécias ocorridas no domingo.
       Uma vez entraram numa sala de aula do Senai do Horto, rasgaram todas as provas corrigidas, misturaram todo o material, prá alegria das professoras que chegaram cedo na segunda feira.  No mesmo Senai, nadavam no laguinho, pescavam os peixes ornamentais, quebravam janelas, o escambau.  Os pais dos santinhos, preocupados em ganhar o jogo, não tomavam conhecimento .  Eles aprontavam todas enquanto  a gente dava caneladas.
Um causo engraçado foi o do churrasco de gato.
Nessa época jogávamos no Senai da Antonio Carlos. O Comendador Onézimo, que na época ainda não tinha sido Encomendado, achando suspeita a quietude das 'crionças', foi procurar e achou: fogueirinha pronta, espetinhos amolados.  O contra filé era um gatinho filhote, osso e pele, ainda vivo mas que antevendo seu futuro, miava de fazer dó.
       Onézimo resgatou a vítima, passou a esculhambação de praxe nos irresponsáveis pais daqueles malfeitores, mas ficou muito nervoso. Já estava cansado de ser chamado atenção na Diretoria pra justificar o injustificável e decretou:
       - A partir de domingo que vem não tem mais menino. Chega! Quem pariu Matheus que o embale!
       A notícia chegou às casas, todo mundo riu, mas Maura, esposa do Cabe, freqüentadora assídua dominical da Feira hippie,  sacou o problema:
       -Uai, Cabé, se for assim acabou a pelada. Quem que vai olhar os meninos, domingo de manhã?
       Cabé, muito sério, cheio das responsabilidades, não pensou duas vezes: 
       -Maura, eu sou um profissional do esporte. Quem toma conta dos meninos do Zico quando ele joga no domingo? Alguém toma conta. Então estamos conversados. Alguém vai tomar conta dos meninos do Cabé.
       
       E nada mais foi dito e nem foi perguntado.

(Detalhe: os delinqüentes só ficaram um domingo sem ir. No outro estavam todos lá, botando pra quebrar).                                                
                                                                       
                                                               R.Oliva - Março 2006

       








VOLTAR
titulo do seu site